Recentemente, fui perguntado por um fundador de uma startup muito promissora que faz mentoria comigo sobre a melhor idade para empreender. Não tinha a resposta na ponta da língua. Fui em busca de mais informções e encontrei um artigo de 2018 da Harvard Business Review sobre o assunto: uma pesquisa revelou algo interessante sobre empreendedores de sucesso de startups: a idade média deles é de 45 anos.
Fui mais a fundo na informação para evitar o viés de confirmação. Antes de sair por aí compartilhando algo só porque eu me encontro nessa faixa etária.
Os resultados dessa pesquisa foram baseados em uma análise cuidadosa de dados de startups nos Estados Unidos. Os pesquisadores descobriram que, em média, a idade dos fundadores de empresas de sucesso é de 42 anos. E, quando levamos em conta o sucesso financeiro, a idade média sobe para 45 anos.
Essa descoberta desafia a suposição de que os empreendedores jovens têm uma vantagem natural quando se trata de liderar empresas de sucesso. De fato, a pesquisa revela que a idade e a experiência podem ser fatores cruciais para o sucesso empresarial. Isso sugere que os empreendedores mais velhos têm uma vantagem significativa sobre seus colegas mais jovens em termos de habilidades e conhecimentos adquiridos ao longo de suas carreiras.
Quem são os melhores fundadores?
O livro “Super Founders: What Data Reveals About Billion-Dollar Startups” de Ali Tamaseb também traz informações importantes sobre esse assunto. O autor analisou dados de mais de 200 startups que atingiram o patamar de unicórnio (valem mais de 1 bilhão de dólares) e descobriu que a idade média dos fundadores era de 34 anos. Isso sugere que a idade média dos fundadores de startups de sucesso pode variar dependendo do tipo de empresa e do segmento. No caso das healthtechs, a idade média subia para além dos 50 anos.
É importante notar que a idade não é o único fator determinante para o sucesso empresarial. Os empreendedores, independentemente da idade, também precisam ter habilidades importantes, como a capacidade de liderança, habilidades de negociação, visão de negócios, perseverança e capacidade de adaptação. É preciso também estar sempre atualizado sobre as tendências do mercado e estar disposto a se adaptar às mudanças.
Uma das vantagens dos jovens é a energia e a disposição para assumir riscos. Como muitos jovens não têm família e outras responsabilidades financeiras, eles podem estar mais dispostos a correr riscos e enfrentar os desafios de construir uma startup.
Os jovens podem ter uma perspectiva mais atualizada sobre as tendências do mercado e a tecnologia emergente. Eles cresceram em um mundo digital e têm uma compreensão mais profunda das ferramentas tecnológicas que podem ser usadas para impulsionar o crescimento de uma startup.
Jovens, envelheçam logo.
A famosa frase de Nelson Rodrigues: “Jovens, envelheçam logo” traz a ironia e o sarcasmo desse escritor tão controverso e genial. Nelson Rodrigues fazia uma crítica à suposta superioridade da juventude sobre a velhice. Ele ironizava a ideia de que a juventude era a melhor fase da vida, repleta de energia, entusiasmo e sonhos, e que a velhice era um período de decadência, desilusão e tédio.
Ao dizer “Jovens, envelheçam logo”, o autor estava debochando dessa idealização da juventude e propondo que os jovens amadurecessem mais rapidamente, assumissem suas responsabilidades na vida adulta e deixassem de lado as ilusões juvenis.
Cada fase da vida tem seus benefícios e contrapontos. Mas o que todas as fases da vida têm são lições e aprendizados para cada um seguir seu ciclo evolutivo e de maturidade.
Os empreendedores mais experientes geralmente têm uma compreensão mais profunda do mercado e dos desafios que enfrentam. Eles também podem ter uma rede de contatos mais ampla e uma compreensão mais ampla do mundo dos negócios.
A experiência ajuda a desenvolver habilidades importantes, como liderança, negociação e resolução de problemas. Essas habilidades são essenciais para liderar uma equipe e enfrentar os desafios que surgem ao construir uma empresa.
A minha intenção não é exaltar a idade, mas provocar os mais jovens e, também os não tão jovens, buscarem novas experiências e aprendizados. É a soma de conhecimento que faz uma pessoa experiente e não a quantidade de velinhas no bolo de aniversário.