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O trabalho remoto não vai matar a cultura da sua empresa.

Desde o dia 17 de março deste ano estamos em home office. Seguimos trabalhando e superando as dificuldades e novos desafios desse modelo desde então. Teremos um ambiente físico para que as pessoas da empresa possam trabalhar? Sim, mas não será obrigatório frequentar esse ambiente. De forma geral, o modo remoto é definitivo.

É importante ressaltar que entendo perfeitamente que a maior parte dos brasileiros não têm condições técnicas, financeiras e infraestrutura para trabalhar (e estudar) de forma remota. Somos, portanto, uma classe de privilegiados que podem se permitir trabalhar de casa. Por isso, a minha visão é sobre essa classe de privilegiados e não sobre todo e qualquer mercado.

O trabalho remoto demonstrou vantagens muito relevantes para a competitividade da empresa. Ampliamos nosso horizonte de aquisição de talentos. Hoje temos paulista, baiano e pernambucana perfeitamente integrados ao nosso time, que já tinha uma curitibana em modo remoto desde 2017. 

Ao mesmo tempo, esse novo modelo trouxe desafios para adequação de quem antes estava acostumado com o ambiente físico. Passamos a debater abertamente as barreiras e os efeitos de trabalhar de forma remota. Estamos avançando e evoluindo juntos. 

Por ter uma dinâmica diferente, o trabalho remoto passou a ser questionado. Não foram poucos os artigos e postagens pregando que o trabalho remoto poderia matar a cultura das empresas. Os argumentos para condenar o trabalho remoto trazem uma visão de equivalência do trabalho remoto no ambiente físico. Os processos de feedback, onboarding, avaliação de desempenho, desenvolvimento de projetos e gestão por objetivos não podem simplesmente emular o ambiente físico. É preciso encarar o ambiente virtual de uma outra forma. Mais confiança e menos controle. Mais autonomia e menos microgerenciamento. Mais ferramentas para comunicação entre equipes, buscando horizontalidade, e menos hierarquia. 

8 meses depois daquele fatídico 17 de março, descobrimos que a cultura da empresa se mantém firme e forte. Talvez até mais disseminada do que antes, uma vez que cada colega se tornou um guardião fiel das nossas competências essenciais, que são foco do nosso processo de feedback. É claro que nem todos estão no melhor ambiente em casa. Filhos sem escola e creche são um desafio grande. A gestão do tempo e do desgaste mental em calls coladas umas nas outras também são barreiras que estamos encarando de frente e buscando soluções. Absolutamente todos os problemas são debatidos e os desafios repensados. Esse é o cuidado que buscamos todos os dias. 

A conclusão é que deixar de cuidar das pessoas é o que mata a cultura da empresa, seja no ambiente físico ou virtual. Não o trabalho remoto. O que acaba com a cultura da empresa é a falta de confiança, o excesso de controle, a falta de objetivos claros, a falta de comunicação, a falta de um ambiente plural e inclusivo. Esses problemas não são exclusivos do home office.

Cada vez mais as relações de trabalho serão remotas e assíncronas. As empresas que se adaptarem a essa realidade mais rápido serão mais competitivas para contratar e manter talentos. Escrevi um pouco mais sobre isso há algumas semanas neste outro artigo.