O ano de 2022 começou com a retomada das aulas presenciais nas escolas, um retorno forte dos eventos em espaços físicos e, com isso, o debate sobre trabalho remoto esquentou muito no mercado de trabalho. O NY Times publicou uma matéria interessante sobre os malabarismos que as empresas fizeram para atrair seus funcionários de volta aos escritórios. Os argumentos para trazer os funcionários de volta ao ambiente físico vão desde a socialização até a performance no trabalho.
A saúde mental e física também são temas que acabam sendo trazidos à pauta quando o assunto é trabalho remoto. Condições ruins de ergonomia, iluminação e sedentarismo provocado pelo trabalho em modo home office surgem como justificativas para voltar ao escritório. Porém, um estudo da universidade do Texas, mostrou que o trabalho remoto tem impacto baixo na saúde dos trabalhadores.
O tema da saúde no trabalho remoto é uma preocupação séria quando levamos em consideração a saúde mental dos trabalhadores. Os casos de burnout aumentaram durante a pandemia e as lideranças estão aprendendo a lidar com isso sem tempo para maiores debates. A desmotivação da média gerência é um sinal de que ninguém está muito bem neste momento.
Muito já se falou sobre a vontade da maioria dos trabalhadores seguirem no modelo remoto ou híbrido. Sendo inclusive um fator de decisão para sair ou ficar em um emprego. Até os mais convencidos em obrigar os funcionários a irem pelo menos alguns dias no local de trabalho, como a Apple, estão revendo essa posição depois de perderem talentos valiosos para o concorrente Alphabet (Google). Recomendo muito seguirem o BeOfficeless (imagem acima) que traz conteúdos muito inspiradores para quem quer aprimorar técnicas e ferramentas de gestão remota.
Alguns hábitos são como aprender a andar de bicicleta: uma vez que você adquire não consegue mais entender como era possível viver sem. Já faz muito tempo que se fala sobre um futuro onde muitos trabalhos e profissões são essencialmente remotos. A pandemia foi o divisor de águas que fez esse futuro se tornar uma realidade para muita gente durante quase 2 anos. Tempo suficiente para que esse hábito se consolidasse na nossa memória a ponto de nos fazer esquecer ou rejeitar aquilo que vivíamos antes.
A responsabilidade dos gestores para liderar remoto.
Como já deu para entender, os que mais forçam a barra para o retorno do trabalho presencial são as lideranças. Os gestores têm um desafio enorme nessa longa adaptação ao modelo remoto ou híbrido. Os motivos pelos quais as pessoas demonstram resistência à volta ao trabalho presencial são variadas e misturam questões pessoais com rotinas e processos que dependem exatamente das lideranças. Segundo pesquisa da Microsoft, o deslocamento precisa valer a pena e vai além da estrutura física: “A mudança para um local de trabalho híbrido não começa com novas tecnologias ou políticas corporativas. Começa com a cultura – uma que abraça uma mentalidade de crescimento, uma vontade de reimaginar quase todos os aspectos da maneira como o trabalho é feito.”
Quem está investindo no modelo remoto?
O CEO do AirBnb mostrou como ser um líder pós-pandemia ao colocar em sua carta a favor do modelo remoto: “Começamos esse processo fazendo uma pergunta simples: para onde o mundo está indo? A resposta é óbvia – o mundo está se tornando mais flexível sobre onde as pessoas podem trabalhar. Vemos isso em nosso próprio negócio. Não teríamos nos recuperado tão rapidamente da pandemia se não fosse por milhões de pessoas trabalhando em Airbnbs. Durante o segundo semestre de 2021, 20% das nossas noites reservadas foram para estadias superiores a um mês e metade para estadias superiores a uma semana”
Outras grandes empresas de tecnologia estão mostrando que o modelo remoto traz benefícios quanto à preferência de escolha onde trabalhar.
O futuro será híbrido ou remote first.
Quando observamos toda a evolução tecnológica que transforma as nossas vidas cada vez mais rápido é quase impossível negar que as empresas que não se adaptarem a um modelo híbrido ou remoto vão perder os melhores talentos. Tecnologias como o acesso à internet via satélite e o 5G vão nos empurrar cada vez mais para fora das estruturas frias e aglomeradas das empresas. Os ambientes imersivos digitais (metaverso) também vão passar a exercer um papel fundamental na eficiência do trabalho à distância.
As empresas que tiverem a intenção de reunir fisicamente seus funcionários com maior frequência terão que construir ambientes completamente diferentes daqueles que temos hoje. Além disso, esse novo momento também chama por uma revisão dos benefícios aos colaboradores como, por exemplo, arcar com alguns custos do home office.
Minha casa, minha firma
Por falar em estrutura para o trabalho remoto, diversos segmentos viram um crescimento forte durante este novo momento. As pessoas precisaram adaptar seu cantinho de trabalho em casa e investiram em cadeiras, notebooks, iluminação e itens de ergonomia. Alguns privilegiados têm espaços de dar inveja à bagunça que é aqui em casa. Já outros preferem não ter lugar fixo e virar nômades digitais, um comportamento que está crescendo no mundo todo e tem até comunidades globais. Há uma previsão de que 1 bilhão de pessoas se tornem nômades digitais até 2035. Considerando que menos de 20% da força de trabalho teve o privilégio de trabalhar em casa durante os piores momentos da pandemia, 1 bilhão de pessoas só de nômades parece ser uma previsão muito otimista. O certo é que as empresas terão que buscar adaptação rápida a novos modelos de trabalho em ambientes mais acolhedores e mais abertas aos talentos remotos.