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Inovação com mais cara de Brasil.

Este ano, estamos comemorando o centenário da Semana de arte Moderna de 1922. Foi um movimento onde o Brasil voltou a olhar para dentro em busca de sua identidade cultural. Quando o assunto é inovação, contabilizamos diversas iniciativas locais que estão formando a nossa identidade empreendedora para os próximos 100 anos.

Por muito tempo associamos inovação e tecnologia ao Vale do Silício. O crescimento impressionante de empresas como Google, Facebook e Apple fizeram todos os holofotes se voltarem para esta região do planeta. Desde o final dos anos 90 até pouco tempo atrás, o resto do mundo era apenas o resto do mundo. 

Com o passar dos anos, os ecossistemas de inovação se espalharam pelo planeta. E, com eles, os investidores também passaram a olhar para outras regiões.

A China passou a competir não só na Ásia, mas em nível mundial. Inicialmente o e-commerce chinês mostrou ao mundo a vocação do país para o comércio. Porém o investimento intensivo em soluções para indústria alavancou a inovação em inteligência artificial e robótica. 

Nova Iorque, capital financeira dos EUA e cidade sede da principal bolsa de valores do mundo, tornou- se o centro da inovação em blockchain e criptomoedas. Segundo o relatório State Of Blockchain da CBInsights, o volume de investimento na região é maior do que a soma de todas as outras.

A Europa tem um ambiente bastante diverso e horizontalizado. As características econômico-sociais do continente europeu moldam o ecossistema de inovação local. A França se destaca pela inovação nas tecnologias de gestão empresarial, marketing e publicidade. O Reino Unido tem destaques no segmento bancário e seguros. Enquanto a Alemanha segue sua vocação industrial inovando em automação e robótica. 

Muito próximo dali, Israel tem um ecossistema de inovação bastante voltado para a cibersegurança. Ironicamente, também é muito forte no segmento de publicidade, que muito se vale dos nossos dados pessoais para direcionar anúncios. 

Qual é a característica do mercado de inovação brasileiro?

O Brasil tem hoje uma grande diversidade no seu mapa de inovação. Por muito tempo, trouxemos iniciativas muito parecidas com o ecossistema do Vale do Silício: apps de transporte compartilhado, entregas de comida, serviços de aluguéis, etc. Enfim, serviços bastante voltados para a nossa classe média urbana. 

Aos poucos, os ambientes de inovação passaram a se multiplicar e adotar características da economia local de cada estado ou região. Passamos mais iniciativas na educação, logística, agro e saúde. Nos segmentos financeiro e marketing, o mercado se voltou muito para os desbancarizados e os pequenos negócios. Hoje, as listas das startups para ficar de olho parecem ter mais cara de Brasil do que há alguns anos. 

O desenvolvimento de ecossistemas locais se espalharam e, com eles, a demanda de investimento se direcionou conforme a característica de cada local. Temos ainda muito a desenvolver para solucionar problemas típicos do Brasil e das regiões. 

Porto Digital / Recife

Polo Industrial de Camaçari / Camaçari

San Pedro Valley / Belo Horizonte

Vale da Eletrônica / Santa Rita do Sapucaí

Parque Tecnológico / São José dos Campos

ACATE / Florianópolis

Tecnopuc, Unitec e Instituto Caldeira / Porto Alegre

Vale do Pinhão / Curitiba

Pequitec / Palmas

Instituto Hélice / Caxias do Sul

O cenário de investimento também está se diversificando, com cada vez mais empresas criando fundos de investimento próprios ou investimento em áreas de inovação para se conectar com startups nacionais. O Brasil parece estar aprendendo a olhar para o talento interno para resolver questões internas. Mas também com alguns expoentes transbordando as nossas fronteiras. 

O Brasil já compete globalmente quando o assunto é inovação. Temos empresas de todo mundo olhando para o nosso mercado, que é um dos maiores do mundo em volume de usuários. O incentivo à inovação, conectando universidades, poder público e setor empresarial é definitivo para o futuro da nossa economia. O incentivo governamental é um aspecto fundamental para todo este processo de conexão entre investidores e empreendedores em um país tão diverso e cheio de oportunidades locais. 

A inovação nasce em ambientes regionais para atender a demanda local. Por isso, prefeitos e governadores têm a missão de proporcionar conexões entre empreendedores e as oportunidades locais. A inovação brasileira terá, cada vez mais, a cara do Brasil.